Uma nova ilha poderá surgir nos Açores, diz vulcanólogo
“Movimentos ascendentes no fundo do mar” terão como “evolução natural o aparecimento de uma ilha”, declara o presidente do Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores.
O vulcanólogo Victor Hugo Forjaz
disse esta sexta-feira, dia 13 de dezembro, que uma nova ilha poderá surgir nos Açores entre as
ilhas do Faial e São Jorge, na sequência de “movimentos ascendentes” que se têm
vindo a registar no mar.
“Pelo tipo de sismo, pela
cadência, pela periodicidade, pela energia Richter e repercussões nas ilhas
vizinhas, que são Faial e São Jorge e, por vezes, Pico, suspeita-se que há
movimentos ascendentes no fundo do mar, sendo a evolução natural o aparecimento
de uma ilha”, declara o presidente do Observatório Vulcanológico e Geotérmico
dos Açores.
O vulcanólogo refere que se têm
vindo a registar “crises sucessivas”, ao longo dos anos, no arquipélago, com
“intervalos de dois anos”, e o surgimento de uma nova ilha “não é nada de
extraordinário porque as ilhas são ativas e condensam movimentos tectónicos, seguidos
de vulcânicos”.
Para o antigo docente da
Universidade dos Açores, o fenómeno seria “melhor seguido” com um levantamento
batimétrico e com recurso a um ROV, um veículo submarino operado de forma
remota, visando apurar se há fissuras, deslocamentos e alterações topográficas.
Segundo Victor Hugo Forjaz, a
Marinha portuguesa “já deveria ter feito um levantamento no sentido de se
perceber melhor os movimentos do fundo do mar naquela zona”, sublinhando que
“não há perigo de maior” para a ilha do Faial, uma vez que a zona fica
“bastante afastada, cerca de 25 a 30 quilómetros”.
O especialista recorda que nos
Açores já emergiram ilhas que depois voltaram a desaparecer, exemplificando com
o banco D. João de Castro, ao largo da ilha Terceira, que “esteve fora do mar
durante um certo tempo”, tendo “falhas geológicas provocado o seu abatimento”,
sendo previsível que volte a emergir.
O vulcanólogo defende a
instalação nos Açores de OBS, sismógrafos submarinos que o Instituto Português
do Mar e da Atmosfera possui, ressalvando que houve uma equipa estrangeira que
já operou na região com este equipamento, tendo recolhido dados “muito
interessantes” a que a Governo Regional e a Universidade dos Açores não têm
acesso.
Para Victor Hugo Forjaz, a
existência dos OBS seria o “tira-teimas entre os que acreditam que há
movimentos verticais importantes e os que os negam”.
A Rede Sísmica do Arquipélago dos
Açores tem vindo a registar desde novembro centenas de sismos, um deles esta
sexta-feira. Alguns destes abalos foram sentidos pela população, numa zona
localizada aproximadamente entre os 25 e os 30 quilómetros a oeste da freguesia
de Capelo, na ilha do Faial.
Sem comentários:
Enviar um comentário