Portugal tem metade das 24 reservas da biosfera em países de língua portuguesa
Em busca de mais investimento
para proteção e recuperação de reservas de biodiversidade, a Unesco marcou 50
anos do programa “o homem e a biosfera”; a iniciativa foi pioneira para
preservação de áreas da natureza; neste ano, a agência celebrou criação de
fundo para biodiversidade na COP15.
Em celebração dos 50 anos do
programa “o homem e a biosfera”, a Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura, Unesco, promoveu durante todo o ano uma série de iniciativas
em busca de mais aliados para proteger uma área de natureza equivalente ao
tamanho da China.
São 714 reservas da biosfera, 161
geoparques e 252 sítios do Património Natural reconhecidos pela Unesco, que
representam 6% da superfície do planeta. Iniciado em 1971, o programa foi
pioneiro em traçar ações para preservação da biodiversidade.
Lusofonia
Os países de língua portuguesa
reúnem 24 áreas de reservas reconhecidas pela Unesco. Alguns desses sítios são
destinos de turismo e todos reúnem uma larga diversidade de fauna e flora.
Portugal é o país que mais possui
reservas, com 12 áreas protegidas. Porto Santo, localizado no arquipélago da
Madeira, foi o último a ingressar na lista, em 2020. De acordo com a Unesco, 15
tipos de flora encontrados só existem nesta reserva.
O local também é a casa da foca
mais rara do mundo, a foca-monge do Mediterrâneo, e a tartaruga marinha
cabeçuda.
A sua biodiversidade marinha continua
a ser estudada. O turismo é o setor económico mais importante da ilha, com a sua
população a quadruplicar durante a alta temporada.
Em 2022, Portugal deve abrigar a
2ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, pedindo mais compromissos da
comunidade internacional para lidar com as ameaças atuais.
Brasil
Já o Brasil reúne sete reservas,
entre elas a Mata Atlântica. Ao lado do Cerrado, esses locais fazem parte da
lista da Unesco desde 1993. Como parte das celebrações, a agência entrevistou o
fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que recuperou uma área de Mata
Atlântica e fundou o Instituto Terra.
Falando em francês, Salgado conta
que hoje, existem um pouco mais de três milhões de árvores, uma floresta
recuperada e toda a biodiversidade. Até a onça pintada, espécie ameaçada na
Mata Atlântica, está a voltar.
Ele lembra que descobriu muitas
coisas, como uma sequência lógica para plantar árvores, já que as primeiras a
serem plantadas precisam ser bem escolhidas.
Apenas 10% da vegetação original
da Mata Atlântica foi mantida. A biosfera corta 17 estados brasileiros, com uma
extensão de 3 mil quilómetros. Fica apenas atrás da área Amazónica, importante
reserva brasileira.
A mais recente biosfera a entrar
nessa lista, em 2017, é o cinturão verde nos arredores de São Paulo, a maior
cidade do país.
A inclusão tem o objetivo de
fortalecer a preservação de inúmeros serviços ambientais do local, que garantem
fontes seguras de água, estabilizam o clima e filtram o ar poluído.
África
Cabo Verde possui duas áreas de
reserva: Fogo e Maio. As duas entraram na lista em 2020. Fogo é a mais jovem e
única ilha com atividade vulcânica no sul do arquipélago e o seu ponto mais
alto tem 2.829 metros.
Já Maio é uma reserva
principalmente marinha e o lar de várias espécies de tartarugas, peixes, aves e
répteis.
Um dos locais mais áridos de Cabo
Verde, Maio possui belas praias que têm atraído um número crescente de turistas
nos últimos anos. A maior parte da população da ilha, de cerca de 7 mil
habitantes, vive da produção de milho, feijão, melão e sal, bem como do
turismo.
Moçambique, São Tomé e Príncipe e
Guiné-Bissau contam com uma reserva nos seus territórios. Os países africanos
aumentam a lista de 86 áreas de preservação no continente. Elas reúnem
diversidade em espécies da fauna e da flora.
Quirimbas, área de proteção
moçambicana composta por 11 ilhas, é chamada pela Unesco de “santuário de
pássaros”. O local abriga 3 mil espécies florais e uma rica fauna, incluindo
elefantes, leões, búfalos e leopardos.
A Ilha do Príncipe, em São Tomé e
Príncipe e o arquipélago Boloma Bijagós, na Guiné-Bissau, também são reservas
reconhecidas pela Unesco.
Financiamento
Além das importantes discussões
sobre o clima em 2021, durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre
Mudança Climática, COP26, a 15ª Convenção de Diversidade Biológica, COP15,
adotou a Declaração de Kunming.
A criação de um fundo para
biodiversidade deve possibilitar a implementação de ações para proteção e
recuperação de ecossistemas.
O governo chinês comprometeu-se
com ¥ 1,5 bilhão, aproximadamente US$ 230 milhões.
Outros países foram convidados a
contribuir e o Japão anunciou a ampliação de seu Fundo de Biodiversidade em
aproximadamente US$ 17 milhões.
A União Europeia, Reino Unido e
uma coligação de instituições financeiras também se comprometeram em proteger e
restaurar a biodiversidade por meio de suas atividades e investimentos.
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