Sismo no Afeganistão faz mais de1000 mortos e 1500 feridos
Público
Guilherme Pinheiro
22 de junho de 2022, 8:46 atualizada
às 16:00
O terramoto no Afeganistão,
com uma magnitude de 5,9 na escala de Richter, já registou mais de 1000 mortos
e mais de 1500 feridos. Centenas de casas ficaram totalmente destruídas e
equipas de resgate começam a retirar feridos e a transportá-los para os
hospitais mais próximos por helicóptero.
Sobe para mais de 1000 o número
de pessoas que morreram na sequência de um sismo de magnitude 5,9 na escala
aberta de Richter no Afeganistão e para mais de 1500 o número de feridos. A
nova atualização dos números foi feita pelo responsável do Departamento de
Informação da província de Paktika, Mohammad Amin Hazifi, a mais afetada pelo
sismo, noticiou a agência governamental afegã Bakhtar News. Contudo, o
responsável deixou claro que o desastre poderá ter tido um impacto humano ainda
maior.
Mapa de intensidade macrossísmica com localização do epicentro (estrela) |
Segundo as primeiras informações na madrugada desta quarta-feira, horas depois do terramoto, Mawlawi Sharafuddin Muslim, ministro-adjunto do Estado afegão com a pasta de Gestão de Desastres e Emergências no país, informou que o número de vítimas mortais era de 225 pessoas. Rapidamente escalou para os 900 mortos e 600 feridos, segundo noticia a estação de televisão afegã TOLOnews, e situa-se agora nos números dados por Amin Hazifi.
O diretor da agência Bakhtar, Abdul Wahid Rayan,
escreveu ainda numa publicação na rede social Twitter que 90 casas ficaram
destruídas em Paktika, onde dezenas de pessoas poderiam estar presas sob os
escombros. Neste momento, segundo Amin Hazifi este número é desconhecido, mas
já se encontra nas largas centenas. Imagens divulgadas mostram vítimas a serem
retiradas e encaminhadas para os hospitais mais próximos através de
helicópteros.
Vários porta-vozes do governo talibã instaram a
organizações de ajuda humanitária a enviar equipas para a área de forma a
evitar um crescendo desta catástrofe. Uma das organizações que atuou de
imediato foi a UNICEF, tendo expressado as suas condolências às famílias e
começado a atuar no terreno.
“As autoridades solicitaram o apoio da UNICEF e de
outras equipas de agências da ONU que se estão a juntar aos esforços de
avaliação da situação e a responder às necessidades das comunidades afetadas. A
UNICEF enviou várias equipas móveis de saúde e nutrição para prestar primeiros
socorros às populações afetadas pelo sismo”, informou a organização em
comunicado.
“Estamos também a distribuir
artigos de assistência críticos, incluindo equipamento para cozinhar, material
de higiene - incluindo sabão, detergente, toalhas, pensos higiénicos e baldes
de água -, roupa quente, sapatos e cobertores, bem como tendas e lonas. Estamos
solidários com as crianças e famílias afetadas durante este período difícil”,
concluiu.
O primeiro-ministro do Paquistão,
Shehbaz Sharif, também expressou as suas condolências e ofereceu o seu apoio
num tweet publicado esta quarta-feira. “Profundamente triste ao ter
conhecimento do terremoto no Afeganistão, resultando na perda de vidas inocentes”,
escreveu. “As pessoas no Paquistão partilham a dor e a tristeza dos seus irmãos
afegãos. Autoridades relevantes estão a trabalhar para apoiar o Afeganistão
neste momento de necessidade.”
A Índia também expressou
“simpatia e condolências às vítimas e suas famílias”, de acordo com um tweet do
porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O Papa Francisco já se pronunciou
sobre a catástrofe esta quarta-feira no Vaticano e disse que ia rezar pelo povo
afegão. “Nas últimas horas, um terramoto fez vítimas e causou grandes danos no
Afeganistão. Exprimo as minhas condolências aos feridos e afetados pelo
terramoto. E rezo em particular por aqueles que perderam as suas vidas e pelas
suas famílias”, disse o pontífice.
“Espero que com a ajuda de todos
possamos aliviar o sofrimento do amado povo afegão”, acrescentou, dirigindo-se
aos milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano. Este sismo
acontece depois da saída de muitas agências de ajuda internacional do
Afeganistão face à retirada dos militares dos Estados Unidos e da NATO e à
tomada de poder pelos talibãs em agosto de 2021.
O departamento de meteorologia do
Paquistão disse que o sismo registou uma magnitude de 6,1, tendo sido sentido
na capital paquistanesa, Islamabad, e noutras zonas da província de Punjab
oriental.
A agência sismológica europeia
EMSC, por sua vez, acrescentou que o terramoto foi sentido ao longo de 500
quilómetros por 119 milhões de pessoas no Afeganistão, no Paquistão e na Índia.
O serviço geológico dos Estados Unidos (USGS) indicou que o sismo, com uma
magnitude de 5,9, ocorreu a uma profundidade de dez quilómetros (hipocentro),
pelas 4h30 (5h30 em Lisboa), perto da fronteira com o Paquistão.
O Afeganistão é um país propenso
a terramotos por estar localizado numa região tectonicamente ativa, sobre
várias linhas de falha, incluindo a falha de Chaman, a falha de Hari Rud, a
falha de Badakhshan Central e a falha de Darvaz. Estes desastres tendem, por
consequência, a causar danos significativos no Afeganistão, onde há muitas
áreas rurais cujas casas primam pela fraca construção.
Para além disto, décadas de
conflitos tornaram o país altamente empobrecido e com grandes dificuldades em
melhorar as suas proteções contra terramotos e outros desastres naturais -
apesar dos esforços das agências humanitárias que têm vindo a reforçar alguns
edifícios ao longo dos anos.
Nos últimos 10 anos, mais de 7000
pessoas morreram em terramotos no Afeganistão, segundo o Escritório de
Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.
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