quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Artigo "O estudo do mar profundo nos Açores "

revista My Plan - Sata - Azores airlines

Os Açores, na sua localização Atlântica e tendo em conta a origem vulcânica, estão rodeados por elevadas profundidades que atingem, em média, cerca de 2.500 m. Estamos rodeados por parte do maior e menos conhecido ecossistema do planeta: O oceano profundo, um mundo que, a partir dos 200 metros deixa de ter luz e onde os seus habitantes estão sujeitos a pressões elevadíssimas ao ritmo de 1 atmosfera por cada 10m. Apenas conhecemos cerca de 1% desta imensidão onde existem sistemas de produção primária totalmente independentes da luz solar – as  hidrotermais de profundidade onde bactérias termófilas iniciam





um processo de produção a partir de energia química proveniente do vulcanismo submarino ou de depósitos de hidrocarbonetos. Terá sido, provavelmente, desta forma que sugiram as primeiras formas de vida na Terra há mais de 3.500 milhões de anos. E como estudar as profundidades? O mergulho em apneia permite conhecer com eficiência os litorais e as suas zonas menos profundas até pouco mais de 20 metros. Percorrem-se longas distâncias pelos melhores apneistas e caçadores submarinos, mas é no escafandro autónomo, com ar comprimido, que a fronteira se alargou para o dobro com um limite de segurança médio que em pouco ultrapassa os 40 m. As misturas de Hélio, os rebreathers e outras tecnologias permitem mergulhar a mais de 200m embora com elevados custos, riscos e um número limitado de mergulhadores suficientemente treinados para o fazer. Restam-nos os submergíveis e, mesmo assim, o seu número é igualmente reduzido, os custos imensos e a capacidade de operarem em áreas maiores limitada. A evolução da tecnologia oceanográfica para obtenção remota de dados tem permitido um crescimento exponencial do conhecimento que temos desta vasta área que rodeia este Arquipélago, mas é certamente a noção do muito que temos por conhecer que nos entusiasma, como cientistas, a descer ainda mais e, se possível, a “viver” sob as ondas do “Mundo do Silêncio” sobre o qual sabemos menos do que sobre a superfície lunar.  

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